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Profa. Dra. Bernadette D. G. M. Franco, coordenadora do Food Research Center (FoRC)

 O novo coronavírus Sars-Cov-2, causador da COVID-19, é um vírus respiratório que é transmitido de uma pessoa infectada (com sintomas ou assintomática) para outras pessoas através das gotículas (perdigotos) espalhadas no ar ao falar, tossir ou espirrar. Essas gotículas com o vírus podem entrar na boca ou nariz de outra pessoa, e atingir as mucosas das vias aéreas superiores (nariz, garganta), induzindo uma resposta inflamatória, seguida de febre. A gravidade da doença varia de pessoa para pessoa, podendo causar insuficiência respiratória e outras complicações e morte. O vírus pode também estar em secreções do nariz e boca (catarro, saliva, etc) de uma pessoa infectada, com ou sem sintomas, e ser transferido para as mãos pelo toque no nariz ou boca. Através das mãos, o vírus pode chegar a outros locais do corpo, superfícies externas e também outras pessoas. Para interromper essa via de disseminação do vírus, é preciso fazer o isolamento social, e quando isso não for possível, manter distancia de pelo menos 2 metros de outras pessoas protegendo-se com máscaras que cubram bem a boca e o nariz e fazer constantemente a higiene correta das mãos.

As gotículas com o vírus, após um espirro por exemplo, podem também permanecer suspensas no ar formando aerossóis. O tempo de permanência dos aerossóis no ar depende da temperatura e umidade do ambiente, ventilação do local, movimentação do ar, e presença e quantidade de outras partículas em suspensão. Estudos científicos, conduzidos em condições de laboratório ideais e controladas, indicaram que após 1h no ar, o coronavírus só é detectado se a carga viral inicial for alta. Quanto mais quente e seco o ambiente, mais rápida é desidratação das gotículas em suspensão e menor é a permanência destes vírus do ar. Estudos de aerodinâmica mostram que o coronavírus tem dificuldade de ficar suspenso no ar devido ao seu tamanho e a probabilidade de chegar pelo ar até roupas, cabelos ou barba de pessoas em movimento é muito baixa.

As gotículas contendo o coronavírus podem também se depositar em superfícies. As mãos de uma pessoa não infectada que entram em contato com estas superfícies podem transferir o vírus para o nariz, boca ou olhos, fazendo com que essa pessoa seja um novo portador do vírus. Essa pessoa pode disseminar o vírus pelo contato direto com outras pessoas e também pelo contato indireto, através das superfícies que essa pessoa venha a contaminar. Para interromper essa via de disseminação do vírus, é importante lavar corretamente as mãos constantemente com água e sabão ou sabonete, ou higienizar com álcool em gel quando água e sabão não estão disponíveis. Ao lavar ou higienizar as mãos, é preciso lembrar das laterais e pontas dos dedos, dorso das mãos, unhas e punhos. O sabão ou sabonete, seguido de enxague, remove os componentes de gordura na camada mais externa do vírus, destruindo-o. O sabão ou sabonete são mais eficientes que o álcool na eliminação do vírus.

Quando chega até uma superfície, o coronavírus está internalizado nas gotículas que o transportam. A medida que essas gotículas secam, ocorrem complexas interações moleculares entre os componentes químicos da camada externa do vírus e os compostos químicos presentes nessas superfícies. Consequentemente, o tempo de permanência depende do tipo e das características físicas (rugosidade, porosidade, etc) das superfícies e depende também da carga viral e da temperatura. A tabela abaixo apresenta uma orientação sobre tempos máximos que o coronavírus consegue resistir, em condições ideais para isso.

MaterialTempo de permanência
Papel1 min a 5 dias
Papelão24 hs
Vidro5 dias
Aço inox2 a 3 dias
Alumínio2 a 6 hs
Cobre4 hs
Plástico2 a 3 dias
Madeira4 dias
Cerâmica5 dias

Fonte: WebMD, 2020.


Até o momentos não há evidencia de superfícies terem sido causa de transmissão do coronavírus. Quando comparada à transmissão pessoa-a-pessoa, a importância dessa via de transmissão parece ser pequena.

Para higienizar superfícies, recomenda-se lavar com água e sabão quando isso for possível, ou aplicar álcool 70%, álcool em gel ou outro sanificante apropriado. No caso de embalagens de alimentos, usar apenas água e sabão ou álcool.

Para higienizar alimentos que serão consumidos crus, como frutas a serem consumidas com ou sem casca e hortaliças, deve-se lavar com água corrente para remover as sujidades externas, mergulhar em uma solução de hipoclorito de sódio (produtos comerciais para esse fim ou uma solução preparada com uma colher de sopa de água sanitária por litro de água por 15 min) e lavar com água corrente novamente para remover o cloro residual. Usar somente água sanitária com indicação de uso para alimentos, seguindo as instruções no rótulo. Esse tratamento não é necessário para alimentos que serão cozidos, assados ou fritos, pois o coronavírus é destruído pela alta temperatura. Além de eliminar o coronavÍrus, esses procedimentos reduzem o risco dos alimentos causarem gastroenterites ou intoxicações alimentares.